Introdução ao Case MoHi

Para exemplificar o uso do modelo híbrido (uma estrutura DMAIC híbrida com Lean Six Sigma, Design Thinking e ágil/Scrum), decidimos demonstrá-lo através da condução de um projeto em um processo existente no qual há a oportunidade de introduzir inovações e melhorias, as quais ainda deverão ser identificadas.

Case Coolgel

A empresa Coolgel

Com presença nacional, possui Centros de Distribuição (CDs) nas  cinco regiões do país e distribui seus produtos para 80% dos municípios do Brasil.

Contexto e desafios para a empresa

A linha de álcool em gel teve um aumento de demanda em 287% em função da pandemia. Buscando usufruir das novas oportunidades de mercado para a linha de produtos de álcool em gel, a diretoria definiu os seguintes objetivos estratégicos com seus valores e metas:

  • Aumentar sua fatia de mercado atual de 13,5% para 16%.
  • Atender plenamente à nova demanda de mercado com OTIF (On Time in Full) de 95%.
  • Aumentar o nível de eficiência geral de 57% para 85% de forma a garantir a fatia de mercado desejada.
  • Obter ganho de escala em rentabilidade (sem target no momento).
  • Para atender a esses objetivos, foram realizadas as seguintes mudanças na operação da empresa:
  • Aumento de 1 para 3 turnos de produção.
  • Redimensionamento dos Centros de Distribuição (CDs).
  • Contratação de novos fornecedores logísticos, com aumento da frota de caminhões.
  • Contratação de equipes de vendas regionais.

Porém, após implementar as mudanças definidas a empresa obteve os seguintes resultados:

  • Cumprimento de apenas 67% da nova demanda.
  • Queda da fatia de mercado para 13,5%.
  • Redução em 32% da rentabilidade da linha de álcool em gel.

Na análise dos principais motivos do baixo desempenho nos indicadores, as equipes técnica e comercial apontaram as seguintes causas:

  • Perda de eficiência operacional na produção do álcool em gel.
  • Logística de distribuição – apresentou baixa eficiência para entrega e reposição de produtos em todos os pontos de venda.
  • Perda de espaço de vendas nos PDVs.
  • Entrada de novos concorrentes, atraídos pelo aumento de demanda.
  • Aumento dos custos da operação.

Identificação de projetos

A área de melhoria contínua foi acionada para ajudar na identificação de projetos que suportassem o alcance dos objetivos inicialmente definidos. Por meio da avaliação da cadeia de valor atual do álcool em gel, e em conjunto com os gestores, foram identificadas três áreas críticas como gargalos para o cumprimento dos objetivos estabelecidos:

  • Área de envase do álcool em gel (produtividade).
  • Logística de distribuição.
  • Mercado – pontos de venda (PDVs).

Em cada área foi estabelecido um projeto específico com targets alinhados aos objetivos estratégicos anteriormente definidos.

Para fins didáticos, vamos nos concentrar no projeto “Mercado – PDVs”. Ainda de acordo com os objetivos deste livro, nosso foco será apresentar a aplicação das metodologias dentro do modelo híbrido, sem a preocupação de detalhar o uso das ferramentas em si, mas, sim, seu contexto e sua contribuição para o desenvolvimento do projeto dentro da abordagem híbrida.

Mas antes vamos verificar por que o modelo híbrido é o método mais adequado para executar esse projeto.

Seleção da metodologia

Lembra-se da matriz de metodologias a aplicar (baseada na Matriz de Stacey) apresentada no Capítulo 3? Ao utilizar essa matriz para nos ajudar a identificar as metodologias que podem ser utilizadas nesse projeto, concluímos que esse case se localiza na matriz de metodologias, conforme a figura a seguir:

 

O “produto” a ser entregue por esse projeto se localiza parcialmente na zona do gráfico denominada “Complicado”, pois as relações de causa e efeito ainda não estão claras, e também abrange em parte a zona do gráfico denominada “Complexo”, pois as inovações também ainda não estão definidas e necessitarão de experimentos. Por isso, o modelo híbrido com o uso do DMAIC enxertado com métodos de inovação e analytics dentro de um framework ágil/Scrum será bem apropriado nesse caso.

A metodologia Lean Six Sigma será bem adequada para obter a compreensão das relações de causa e efeito e assim identificar onde implantar melhorias no processo atual. E para a identificação e experimentação das inovações, o Design Thinking será apropriado.

Porém, como estruturar esse projeto? Como executar o DMAIC (do Lean Six Sigma) e o Design Thinking e trazer incrementos potencialmente utilizáveis do produto e até mesmo para a sequência da aplicação das metodologias nas demais etapas? É exatamente a isso que se propõe o uso do Scrum (filosofia ágil), lembra-se? O Scrum emprega uma abordagem iterativa e incremental de valor ao longo do projeto por meio do uso de Sprints; assim, temos o nosso projeto híbrido com os métodos Lean Six Sigma e Design Thinking e o Scrum como uma estrutura para o projeto como um todo.

Isso significa que diversas “metodologias” e ferramentas ainda deverão ser aplicadas ao longo desse projeto, pois algumas das relações causa x efeito são complicadas e outras são complexas, assim como nos indicou a matriz de seleção de metodologias.

Execução do projeto

Nas próximas abas vamos seguir o roteiro apresentado nos capítulos 5-10 para a aplicação do ciclo iterativo do modelo híbrido: